sexta-feira, 29 de maio de 2009

15.05 - Varanasi

Acordamos às 5h, para irmos a Sarnath, o lugar onde Buda fez seu primeiro sermão, depois de ter atingido a iluminação. Primeiro, fomos a um templo budista que abriga refugiados do Tibet. Rodei as rodas de oração, fiz uma reverência e foi só. Desde que cheguei aqui, afirmo com toda certeza que acalmar a mente aqui, é coisa pra mestre... Mas o templo já ajudou a desacelerar.

Preguiça matinal






Saímos de lá e fomos para um parque, com alguns monumentos, a maioria depredada (é aquela estória do efêmero x eterno). Mas o lugar passa uma paz quase que palpável. Andamos pelo parque, vimos flores de lotus rosa-choque (nem sabia que existia dessa cor!), veados (segundo Buda, são os animais mais dóceis da Natureza), carpas. Enfim, começamos bem o dia. Voltamos para o hotel, tomamos café,dormimos e esperamos o Nanny para o segundo turno.









As Quatro Verdades Budistas









Ele nos levou para almoçar no mesmo restaurante de ontem. Comemos um Kashmir Byriani delicioso (esse eu vou fazer quando voltar...) e fomos conhecer Muhgal, o bairro onde fica a cooperativa têxtil islâmica que, segundo ele, tinha os melhores preços de toooda Varanasi. Como hoje é sexta, nenhuma das casas onde os tecidos são feitos estavam abertas. Porém, com toda sua influência, ele "abriu" a cooperativa desses artesãos para nós. Quando vimos, era o mesmo roteiro de sempre: sentar, beber alguma coisa, ver tecidos inimagináveis de maravilhosos, escolher, barganhar preço, pagar e todo mundo ficar feliz... Como já tínhamos comprado/gasto dinheiro em Jaipur, tive que comprar um lenço pra não fazer desfeita. Foi aí, depois de ter me mostrado meia loja e eu ver comprado o lenço mais barato, que a má vontade começou a aparecer.

De lá, ele me perguntou se eu iria realmente comprar o óleo de sândalo. Disse que sim e ele pegou o caminho de volta para o hotel. Quando vimos, a loja que tinha "o melhor óleo de sândalo de Varanasi" era no quarteirão de trás do hotel, que mais parecia uma loja de 1,99 pra turista ver. Depois de muito discutir com a dona em hindi, ele me disse que se não fosse esse óleo, que eu podia desistir de achar outro e que devia ser rápido, pois a loja estava oficialmente fechada do função da norte do dono semana retrasada, e por sinal, um grande amigo de infância dele. Assim que saímos da loja, às 16h40, ele vira e avisa que amanhã nos pegaria as 5h da manhã pra ver o nascer do dia no Ganges, que do passeio ele já iria nos deixar na estação de trem porque talvez não desse tempo de voltar ao hotel para pegar nossas coisas e que estava com pressa porque tinha um compromisso e já estava atrasado. Ficamos com cara de tacho e voltamos para o hotel.

Bateu uma raiva monstra: de mim, por ter comprado só pra agradar e ter caído na lábia de mais um indiano "prestativo e gentil" e dele, por ter me tratado com impaciência por eu não gastar rios de dinheiros com ele. Estava prestes a sustar de novo e o Luciano sugeriu irmos aos ghats, mas dessa vez, para entrarmos no Ganges, já que depois poderíamos voltar para o hotel para tomarmos banho. Negociamos um tuktuk e fomos. O pânico começou quando ele pegou umas ruelas e entrou na Cidade Velha, onde só tinha indianos. De repente ele para e fala pra gente ir atrás deles. Eu pensei, encharcado de suor de calor e pânico: "agora, fudeu e de com força!" Na hora em que ele entrou numa porta que deu para um corredor cheio de gente no final, deu frio na boca do estômago. O povo saiu da frente e pude ver o Ganges. Nunca fiquei tão feliz em ver o esgotão a céu aberto! O ghat que ele nos levou era onde o Luciano tinha visto a cerimônia. Resolvemos caminhar o povo o tempo todo nos abordando...

O mau humor tomando conta e a paciência já estava no fim. Daí, um rapazinho perguntou para o Luciano: "where are you from?" Ele respondeu alto e do bom som: "from Marte!" Foi o suficiente para rirmos e descarregar a tensão. Andamos mais um pouco, paramos pra respirar e ficarmos sozinhos por instantes, resolvemos não entrar no rio porque já estava escuro e na nossa caminhada, vimos a poucos metros de onde estávamos, alguma coisa boiando. Só não conseguimos identificar se era uma cabeça com ombro ou uma anca com uma pata traseira... Resolvemos voltar. Encontramos o tio do tuktuk, ele nos conduziu de volta, passamos no Pizza Hut (chega de MacDonald's, né?), ajeitamos as coisas, banho, diário de viagem e cama!

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