sexta-feira, 29 de maio de 2009

18.05 - Boddhgaya/Gaya > Mumbai

:: Parte I - Esperando na estação

Dormi mal, na expectativa de não perder a hora e do função do calor. 3 da manhã e eu já estava acordado. Cochilei até o celular despertar. Caí da cama e fui cuidar da vida. Tomamos café, pegamos o táxi pré-pago. Quando chegamos, o taxista pediu 200 rs, da estação até o hotel. Achamos caro e por causa disso, pegamos um tuktuk, a 100 rs. No hotel, quando o recepcionista nos disse que o táxi seria 400 rs, achamos um absurdo, mas fazer o quê? A minha (primeira) surpresa foi, ao chegar na recepção, um indivíduo qualquer dentro do táxi, como se fosse um táxi-lotação. Até aí, ok. Quando chegamos na estação, mal o motorista parou o carro, ele desceu e sumiu na multidão. Pegamos nossas coisas e o Luciano já tinha se afastado quando o "folgadinho" me disse que eu ainda teria que pagar 20 rs, do estacionamento, e ficou em pé na frente da porta, com minha mochila lá dentro, refém dele. Mais um indiano me explorando... Paguei, puto.

O trem saiu com meia hora de atraso, pra variar. De Gaya, voltamos para Varanasi, para pegarmos o trem que nos levará a Mumbai, a terra da famosa Bollywood. No trem, pudemos constatar o quanto os indianos são folgados. Nossos lugares eram o beliche de cima e o de baixo. Nos ajeitamos com as mochilas no de baixo, deixando o de cima livre, caso quiséssemos esticar. De repente, entra um folgadinho, fala qualquer coisa em hindi, sobe pra nossa vaga e se deita, na maior cara dura! Sem contar que, no beliche de frente, estavam 2 tios. Como pegamos esse trem na penúltima estação, eles tinham viajado a noite toda e estavam acabando de acordar. Só falo 5 coisas: a-intimidade-é-uma-merda! Um deles estava de sarongue, como se fosse short de pijama. Ele se levantou, abriu a mochila, tirou uma cueca, vestiu por baixo do sarongue, tirou uma calça da mochila, vestiu, não gostou, tirou outra, vestiu, não gostou pela segunda vez, tirou a terceira calça e vestiu. Tudo isso no espaço livre de 1m, entre um beliche e outro e, praticamente na nossa cara!

Aliás, esses trens indianos, depois do susto inicial, já estão começando a ficar divertidos. Descemos em Varanasi, por volta das 10h da manhã para esperar o trem que vai para Mumbai. Detalhe: o horário de partida era às 14h55. Ou seja, 4h e 55min de espera na estação mais feia de todas que passamos e isso tudo a 40 graus, no mínimo! E os mosquitos? Ficamos rindo disso, já que, no fio do carregador do celular, estava apinhado de mosquitos. Claro que fotografamos!



Tio vendendo lichia


Agora, o que nos distraiu mesmo, nas últimas duas horas e meia de espera foi uma bichinha indiana, que devia ser "brasileira, porque não desistia nunca!" Ficamos o tempo todo dentro de um café, de frente pra uma janela. Pra nós, um lugar seguro pra ver o mundo lá fora. Pra eles, dois estrangeiros/animais numa vitrine. Mas ela fazia poses inimagináveis! Ela se escorava na coluna, levantava um braço, como se fosse São Sebastião, olhava, sorria, mexia no cabelo, copiava as poses dos modelos dos anúncios de cuecas que tem aqui, do todas as estações. É impressionante!

Existem gays, sim, mas o código deles é diferente do nosso. Como os homens andam de mãos dadas como sinal de amizade, nem sempre dá pra saber, a não ser quando eles fazem questão de demonstrar. O trem chegou e nós a deixamos lá, a ver vagões... Achamos nossos lugares sem stress e vamos dividir a cabine com um casal supersimpático (Rejheen e Rejheena), que puxou papo, que ofereceu salgadinhos de arroz e que achava que a capital do Brasil era o Rio de Janeiro. Como a previsão de chegada em Mumbai é amanhã às 16h30, (sim, isso mesmo, são APENAS 24 horas e 30 minutos de viagem...), depois eu conto mais.


:: Parte II - Escrevendo no trem

Fomos conversando o resto da viagem. Contamos as nossas peripécias através da Incredible Índia e a cada quantia citada na conversa, mais óbvio e gritante ficava o "idiota" estampado na nossa testa. Pelo que eles falaram, pagamos 5 vezes mais por quase tudo que compramos/fizemos aqui. Rejheen ficou realmente indignado quando soube dos preços diferenciados pagos pelos estrangeiros. Acho que foi sincero porque ele não ganharia nada do mentir pra nós. Aliás, me pareceram pais preocupados. Na hora do jantar, fizeram questão de dividir os chapatis e o chicken masala que levaram de marmita. Foi tocante ver a preocupação deles conosco. Ajeitamos tudo e fomos dormir.

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